Em 2001, o jornal Folha de
S.Paulo, em uma enquete realizada com 214 votantes (entre jornalistas, músicos
e artistas do Brasil), elegeu "Construção" como a segunda melhor
canção brasileira de todos os tempos - atrás de Águas de Março, de Tom Jobim.[10]
Já em uma eleição, em 2009, promovida pela versão brasileira da revista Rolling
Stone, "Construção" foi eleita a melhor canção brasileira de todos os
tempos.
Construção é uma canção do cantor
e compositor brasileiro Chico Buarque, lançada em1971 para seu álbum homônimo.
Junto com "Pedro Pedreiro", é considerada uma das canções mais
emblemáticas da vertente crítica do compositor, "podendo-se enquadrar como
um testemunho doloroso das relações aviltantes entre o capital e o
trabalho".[1]
A letra foi composta em versos
dodecassílabos, que sempre terminam numa palavra proparoxítona. Os 17 versos da
primeira parte (quatro quartetos, acrescidos de um verso-desfecho) são
praticamente os mesmos dezessete que compõem a segunda parte, mudando apenas a
última palavra.[2] Os arranjos são do maestro Rogério Duprat, em uma melodia
repetitiva, desenvolvida apenas sobre dois acordes.
A canção foi feita em um dos
períodos mais severos da ditadura militar no Brasil, em meio à censura e à
perseguições políticas. Chico Buarque havia retornado da Itália em março
de1970, país onde vivia desde o início de 1969, ao tomar distância voluntária
da repressão política brasileira.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Constru%C3%A7%C3%A3o_(can%C3%A7%C3%A3o)
Construção
Amou daquela vez como se fosse a
última
Beijou sua mulher como se fosse a
última
E cada filho seu como se fosse o
único
E atravessou a rua com seu passo
tímido
Subiu a construção como se fosse
máquina
Ergueu no patamar quatro paredes
sólidas
Tijolo com tijolo num desenho
mágico
Seus olhos embotados de cimento e
lágrima
Sentou pra descansar como se
fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se
fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um
náufrago
Dançou e gargalhou como se
ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse
um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um
pássaro
E se acabou no chão feito um
pacote flácido
Agonizou no meio do passeio
público
Morreu na contramão atrapalhando
o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o
último
Beijou sua mulher como se fosse a
única
E cada filho como se fosse o
pródigo
E atravessou a rua com seu passo
bêbado
Subiu a construção como se fosse
sólido
Ergueu no patamar quatro paredes
mágicas
Tijolo com tijolo num desenho
lógico
Seus olhos embotados de cimento e
tráfego
Sentou pra descansar como se
fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se
fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse
máquina
Dançou e gargalhou como se fosse
o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse
música
E flutuou no ar como se fosse
sábado
E se acabou no chão feito um
pacote tímido
Agonizou no meio do passeio
náufrago
Morreu na contramão atrapalhando
o público
Amou daquela vez como se fosse
máquina
Beijou sua mulher como se fosse
lógico
Ergueu no patamar quatro paredes
flácidas
Sentou pra descansar como se
fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um
príncipe
E se acabou no chão feito um
pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando
o sábado
Por esse pão pra comer, por esse
chão prá dormir
A certidão pra nascer e a concessão
pra sorrir
Por me deixar respirar, por me
deixar existir,
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente
tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a
gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a
gente tem que cair,
Deus lhe pague Pela mulher
carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos
beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim
vai nos redimir,
Deus lhe pague
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir, Deus lhe pague