PARA LER, CLIQUE NA IMAGEM

sábado, 17 de março de 2012
OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO
Operário em construção
Vinicius de Moraes
E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo: — Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu. E Jesus, respondendo, disse-lhe: — Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás (Lucas, cap. IV, versículos 5-8).
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as asas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo,
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
De fato como podia
Um operário em construção
Compreender porque um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão
Era ele quem fazia
Ele, um humilde operário
Um operário em construção.
Olhou em torno: a gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro dessa compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.
E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia "sim"
Começou a dizer "não"
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução
Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação.
- "Convençam-no" do contrário
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isto sorria.
Dia seguinte o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu por destinado
Sua primeira agressão
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras seguiram
Muitas outras seguirão
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo contrário
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher
Portanto, tudo o que ver
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse e fitou o operário
Que olhava e refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria
O operário via casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão, porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/literatura-infantil-vinicius-de-moraes/poesia-operario-em-construcao.php
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Briga pelo Selo: Legal x Ilegal
"O problema do desmatamento no Pará assume proporções alarmantes. Um estudo divulgado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) esta semana mostrou que, entre agosto de 2009 e julho de 2010, a exploração de 65% da madeira no estado aconteceu de forma ilegal. Segundo o Imazon, a exploração de 65% das florestas nesse período não tinha autorização. Embora 84% da exploração ilegal tenham ocorrido em terras privadas, outros 13% aconteceram em assentamentos de reforma agrária e 3%, em áreas protegidas."
O PROBLEMA É A ILEGALIDADE NO DESMATAMENTO, OU O DESMATAMENTO EM SI?
O PROBLEMA É A ILEGALIDADE NO DESMATAMENTO, OU O DESMATAMENTO EM SI?
OS DESMATADORES VÃO AS NOSSAS MATAS E DE FORMA ASTUTA CONSEGUEM “SEM NINGUÉM VER”, DESMATAR ÁREAS IMENSAS DE FLORESTA NATIVA. DESTRUIR NOSSAS FLORA E CONSEQUENTEMENTE NOSSA FAUNA. MAS SÃO "SIMPLES DESMATADORES", "POBRES" HOMENS COM SUAS SERRAS ELÉTRICAS, "SIMPLES MORTAIS" QUE SÃO SOMADOS À PORCENTAGEM DE QUANTO DESTROEM.
MAS SE ESSES "POBRES DESMATADORES" TIVESSEM COLARINHO BRANCO, MUITO DINHEIRO OU A FRENTE DA NAÇÃO, COM CERTEZA ACHARIAM ALGUM MOTIVO PARA TAL ATITUDE: “OS "POBRES" DESMATADORES TEM FAMÍLIA”. “O PAÍS NÃO GERA EMPREGOS O SUFICIENTE”. “ELES NÃO TEM OUTRA ESCOLHA”. OS CHAMARIAM DE EMPREENDEDORES, E TALVEZ ATÉ HONRA AO MÉRITO PARA TAL. HAVERIA DISPUTA, CONCURSO: "O MAIOR ARRANCADOR DE ÁRVORES", "JOÃOZINHO DA SERRA ELÉTRICA, O TERCEIRO MAIOR ARRANCADOR DE ÁRVORES DO MUNDO", "MARIAZINHA DO TRATOR, A TERCEIRA MAIOR DESTRUIDORA DE BIOMAS DO MUNDO".
MAS TANTO A MARIAZINHA COMO O JOÃOZINHO, SÃO "POBRES DESMATADORES", QUE ENTRAM NA LISTA DA PORCENTAGEM, MOSTRANDO O SEU TRABALHO ILEGAL ÁS NOSSAS “BARBAS” - "65% DE EXPLORAÇÃO DE MADEIRA ILEGAL NO PA".
A HIDRELÉTRICA DE NOSSA EXCELENTÍSSIMA PRESIDENTE SERÁ CONSTRUÍDA NO PARÁ.
MAS ELA, BEM, NÃO ESTÁ DENTRO DOS "POBRES DESMATADORES" - PORÉM COM CERTEZA GANHARÁ O CONCURSO MUNDIAL, "PASSANDO A PERNA"EM MARIAZINHA E JOÃOZINHO ’. SÓ FALTA, A NOSSA EXCELENTÍSSIMA PRESIDENTE, DAR UMA DE "TÚNEL DO TEMPO" E VOLTAR A PRE-COLONIA: TROCAR COM OS ÍNDIOS ESPELHOS POR ÁRVORES. PORQUE, OS EXPULSANDO DE SUAS TERRAS JÁ ESTÁ.
O PROGRESSO É O REGRESSO, OU A GANANCIA ARRUMA MEIOS DE ARRANCAR DINHEIRO DOS NOSSOS BOLSOS?
SÃO 19 MILHÕES EM DINHEIRO DE BRASILEIROS ! DINHEIRO ESSE QUE PODERIA SER INVESTIDO EM EDUCAÇÃO E /OU SAÚDE, MAS, UM POVO INTELIGENTE E SAUDÁVEL É MAU PARA AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES E GOVERNO. É MELHOR DEIXAR OS POBRES "PRESOS A CAVERNA" ACHANDO QUE VEEM O MUNDO, DO QUE DEIXÁ-LOS "SOLTOS" POR AI. ENTÃO, VAMOS CONSTRUIR UMA HIDRELÉTRICA, QUE EM ÉPOCA DE SECA CAIRÁ EM SEU RENDIMENTO 60%. ISSO, NÃO FAZ MAL, CONTATO QUE AO FINAL CONSIGAMOS DESVIAR UNS POUCOS MILHÕES, COMPRAMOS ATÉ O "MEIO AMBIENTE" PARA LIBERAR. NÃO "CORANDO A MINHA MÃE", CORANDO OS CASSIQUES, POUCO IMPORTA.
E COMO DIRIA O MEU AMADO JABOR, "EU JÁ VI MUITOS BANDIDOS DE COLARINHO BRANCO GANHANDO TROFÉUS MAIS BELOS POR CRIMES PIORES".
Arnaldo Jabor, Traficantes, o retrato violento da nossa loucura.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/10/06/desmatamento-aumentou-127-em-areas-de-protecao-nos-ultimos-dez-anos-925531398.asp#ixzz1a7IclBg6
© 1996 - 2011. Todos os direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_Hidrel%C3%A9trica_de_Belo_Monte#Impacto_da_obra
http://g1.globo.com/economia-e-negocios/noticia/2010/04/entenda-como-sera-hidreletrica-de-belo-monte.html
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/10/06/desmatamento-aumentou-127-em-areas-de-protecao-nos-ultimos-dez-anos-925531398.asp#ixzz1a7IclBg6
© 1996 - 2011. Todos os direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_Hidrel%C3%A9trica_de_Belo_Monte#Impacto_da_obra
http://g1.globo.com/economia-e-negocios/noticia/2010/04/entenda-como-sera-hidreletrica-de-belo-monte.html
Assinar:
Postagens (Atom)